Está em andamento a campanha de financiamento coletivo Ateliê da Laje Zé Darci: Um espaço comunitário de arte e cultura negra em Arroio Grande (RS), no extremo sul do Brasil. A ação do Instituto Cultural Ateliê da Laje tem como objetivo arrecadar R$80 mil para a construção do ateliê comunitário do artista plástico José Darci Barros Gonçalves, mais conhecido por Zé Darci. O valor dos apoios começam em R$15,00 e vão até R$30 mil ou mais, com suas respectivas premiações, entre elas a aquisição de obras do artista, incluindo o famoso quadro Fome zero, de 2003, premiado pelo Sesi Descobrindo Talentos. O projeto está na plataforma Apoia.se, pelo link: https://apoia.se/ateliedalaje.

Com uma vasta e contundente obra, o artista já dedica 22 anos de vida à pintura. As narrativas de Darci se propõem a refletir sobre a diáspora negra no Rio Grande do Sul e seus reflexos sociais, principalmente. Não faltam em suas telas, com pinceladas singulares, que remetem ao expressionismo, memória e ancestralidade negra em suas imagens coloridas e cotidianas, porém contundentes. "Meu caminho é representar a questão negra através da arte", diz o artista que, a partir da criação do Ateliê da Laje, pretende inspirar jovens da periferia onde mora.

A obra de Zé Darci tem transitado por diferentes espaços de arte, como na exposição Presença Negra no Margs, do Museu da Artes do Rio Grande do Sul, deste ano, e ajudado a abrir novos redutos para a cultura, como ponto de apoio a uma nova consciência social, como por exemplo a sua recente mostra dentro do projeto Afro Ecosul, da concessionária. Na proposta o artista apresenta pinturas na mostra Diversidade conceitual, no Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU), Km 607, da BR116, em Arroio Grande.

Ainda dentro da semana da Consciência Negra, Zé Darci inaugura amanhã, às 18h, exposição Visão africanista, no Vice-Consulado do Brasil em Rio Branco, no Uruguai, integrando a Agenda Binacional de Integração Fronteiriça.

Na casa de periferia

Há alguns anos Zé Darci imaginou seu ateliê na própria casa da família, que fica no bairro Branco Araújo, periferia da terra natal. Entretanto a construção com poucas janelas não oferecia iluminação suficiente para se tornar um espaço para a arte. A solução do artistas foi armar seu cavalete na rua, onde pintava absorvendo a inspiração da vida cotidiana do local. Mais tarde, ergueu uma laje capaz de garantir a luminosidade necessária para sua pintura.

A residência, que fica próxima à BR 116, é propícia a se beneficiar dos fluxos contínuos rumo à fronteira com o Uruguai, desta forma é local perfeito para se instalar ali um ponto de referência à cultura negra em todo o Cone Sul, imaginava o artista. Foi com esse sonho que Zé Darci chegou ao Kombit, projeto de extensão interdisciplinar da UFRGS, coordenado pelo Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão sobre Migrações (Nepemigra), que atua por demanda comunitária e popular em questões ligadas às lutas por moradia, dignidade e autonomia e tem nos mutirões comunitários o seu método de trabalho.

Ao projeto se integraram outros grupos de trabalho oriundos de Universidades gaúchas, aproximados pelo respeito e afetividade pela a trajetória do artista: a Furg e a Unipampa Uruguaiana. Unidos esboçaram formas e estratégias para concretizar o sonho do artista. "A ideia é construir um ateliê com galeria na minha casa, que será aberto ao público. Não é só para Arroio Grande, é para todo o Rio Grande do Sul, para o mundo", fala entusiasmado o artista.

A expectativa é que, a partir da campanha, a laje se torne Ateliê de aproximadamente 80m2, dando condições dignas para que o artista possa criar e para que possa colocar à disposição da comunidade seu precioso acervo. Feliz com o início do projeto, o arroio-grandense está confiante no sucesso da ação. "Até a parte da manhã o site tinha aproximadamente R$4 mil e não tem uma semana de campanha", fala. A campanha se estende até março de 2023.

Serviço

O quê: campanha de financiamento coletivo Ateliê da Laje Zé Darci

Onde: https://apoia.se/ateliedalaje

Até quando: março de 2023